A nossa realidade mudou bastante ao longo dos últimos meses, vivemos uma situação nunca vivida e que alterou as nossas vidas. Se por um lado, durante o período de confinamento pudemos estar com os nossos pets constantemente e dedicar-lhes uma atenção especial e diferente da dada até agora; com as diferentes fases do desconfinamento e com o facto de estarmos a voltar a um diferente tipo de normalidade aos poucos, levantaram-se alguns problemas para os nossos pets.
Começa pela ansiedade de separação ao fim de tantos meses em casa de convívio constante connosco e em alguns cães no medo ao ver as pessoas de máscara na rua.
Uma das requisições para o desconfinamento e para a diminuição da propagação da COVID-19 é a utilização de máscara, que na maioria das vezes nos torna irreconhecíveis além de abafar o que dizemos (impedindo o cão de nos ouvir ou até de nos ver sorrir). Apesar da maioria dos cães não ter qualquer tipo de interação (positiva ou negativa) com a máscara, alguns têm medo, sofrem de ansiedade e, por essa mesma razão, podem até demostrar agressividade com quem está a utilizá-la. Foram descritas algumas situações (felizmente raras) em que os cães não reconheceram os próprios tutores.
É muito importante ter em conta que os cães e os gatos são animais visualmente orientados. Comunicam entre eles e connosco “lendo” as expressões faciais e a linguagem corporal, prestando especial atenção aos olhos, à posição das orelhas e à tensão – ou falta dela – ao redor da boca.
Os nossos cães e gatos tiveram de se adaptar à interação com as pessoas. Aprenderam a ler as nossas expressões faciais e a nossa linguagem corporal (uma vez que não temos os elementos-chave para a comunicação animal – como orelhas móveis e uma cauda expressiva). o uso de máscara impede esta leitura por parte dos nossos pets, podendo levar a situações de medo.
Para diminuir as reações de medo dos nossos animais, deixamos algumas dicas para não desesperar e modificar o comportamento do seu cão para aprender a aceitar melhor a nova realidade das máscaras, sobretudo quando vão à rua:
- Certifique-se de que as primeiras sessões de treino são em casa, num ambiente tranquilo e de curta duração;
- Mostre/apresente a máscara ao seu cão, deixe-o cheirar e dê-lhe uma recompensa (biscoito, brincadeira…) como um reforço positivo (este reforço positivo apenas deve ser utilizado para este treino);
- Coloque a máscara de forma calma e gradual – a boca deve ser a última parte a ser tapada e faça-o como uma brincadeira; é importante que vá verificando a reação do seu cão, se se mantiver calmo recompense-o, se ficar ansioso retire a máscara e acalme-o;
- Quando o seu cão estiver totalmente habituado ao uso de máscara em casa, repita o processo na rua. Preferencialmente num local mais calmo, onde passe pouca gente;
- Assim que aceitar uma pessoa de máscara na rua, pratique novamente com pessoas diferentes, máscaras diferentes, e em diferentes locais. Os cães precisam de praticar em muitos contextos antes de generalizar o que aprendem;
- Como qualquer outro tipo de treino é importante sentir-se calmo e relaxado para transmitir essas sensações ao seu cão;
- Quando o seu cão se sentir confortável com a máscara e sempre que entrar em casa a usá-la, vá falando calmamente com ele para o ouvir e reconhecer pela voz;
- Se por outro lado encontrar um pet que não conhece enquanto usa máscara, mova-se lentamente e fale de forma calma. Dê aos animais espaço extra e tempo de se dar a conhecer e entender através da nossa linguagem corporal as nossas intenções e que não queremos fazer mal.
É uma nova realidade e são os novos tempos aos quais todos temos de nos adaptar, incluindo os nossos animais de estimação. Do ponto de vista dos nossos pets, o mundo como o conhecem sofreu uma grande reviravolta. Os humanos andam de máscara, as mãos deles cheiram a gel desinfetante e de uma forma geral parece que andam todos mais distantes uns dos outros. Se soubermos ler os sinais não verbais que os nossos animais nos dão, saberemos ajudá-los a minimizar os efeitos de todas estas mudanças.